"É que eu te assusto, meu bem.
Eu te assusto quando a minha risada explode e você descobre que eu não tenho o menor problema em fazer barulho.
Andei pensando se eu não deveria ter sido muito mais esperta e ter feito um tipo de tapada.
Sabe, daquelas que se impressionam com toda novidade velha que você conta sobre o mundo, ou daquelas que sempre preferem ir embora antes que sobrem apenas os dois dentro do carro.
Mas não.
Eu sempre te assusto, principalmente quando eu te mostro que as minhas decisões são imediatas e irredutíveis, e que você não passa de um idiota.
Um idiota incapaz de bater de frente com decisões imediatas e irredutíveis.
A parte boa é que eu esbarrei em você tarde demais e, quanto mais tarde, mais escaldado está o gato.
Eu não abraçaria nem uma almofada pra fazer aquele mesmo tipinho de tapada, choramingando por ter sido usada do começo ao fim. Eu prefiro pensar que você também pode ser descartável, e que só vai deixar de ser descartável quando encontrar um homem que eu realmente ame, e não um covarde insensível.
A verdade é mesmo essa.
Eu te assusto e você me irrita.
Eu te assusto porque eu sei muito bem dizer sim.
E você me irrita porque não sabe a diferença entre uma mulher e uma garrafa PET.
Eu não sou reciclável, querido.
Eu demoro pra decompor feito chiclete, e ainda deixo marcas no asfalto e nas suas costas.
Sim, eu tenho unhas enormes, que cultivo com instinto de leão, e não com capricho de garotas fúteis.
Mas da próxima vez eu me esforço em vestir a carapuça de Dona Maria Mal Comida e esquento a panela com a barriga no fogão."
Servir ao Cliente, Acima de Tudo
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